Mentiras na infância: o que fazer?

A opinião de Valeska Magierek

  • É normal uma criança mentir?

 

O hábito de mentir que as crianças apresentam até os seis anos não necessita ser motivo de grande preocupação para pais e professores, uma vez que as mentiras podem estar relacionadas a fantasias, histórias infantis e etc. Devemos nos lembrar de que uma criança não possui o discernimento do que é certo ou errado, tal como um adulto tem ou deveria ter.
Assim, a criança pequena pode mentir por diversas razões, inclusive repetindo aquilo que ela vê e ouve em casa.

 

 

  • Quando a mentira se torna um problema?

As mentiras das crianças precisam de mais atenção a partir dos sete anos, quando melhora a percepção da realidade, do que é certo e do que é errado, além de melhor análise do que acontece ao seu redor. É interessante fazer distinção entre mentiras sobre assuntos banais e aqueles que envolvem assuntos sérios (p. ex. furtos, manipulação de pessoas etc.). Se uma criança com 11 ou 12 anos, mantém o hábito de mentir apresentado desde os sete anos é um sinal de alerta para os pais.

 

  • O que a família pode e deve fazer quando identificar que sua criança mente?

Antes de qualquer coisa, a família deve estar atenta aos próprios comportamentos. Às vezes, sem perceber, a própria família ensina e reforça ou incentiva o início, a continuidade e a manutenção da mentira.

Não é raro encontrarmos, nos consultórios de Psicologia, crianças que mentem e que contam a verdade para o especialista, entregando os próprios pais.

Então, para evitarmos que as mentiras se agravem e permaneçam na vida de uma criança, é importante que a família não tenha este padrão em casa.

Se, por um acaso, a mentira não fizer parte da rotina da casa, se mantiver por muito tempo e trouxer prejuízos para a criança e para as pessoas ao seu redor, é hora de procurar por ajuda especializada. E o psicólogo é o especialista mais indicado para esta questão, pois ele tem condições de avaliar todo o contexto envolvido.

 

  • A mentira pode estar associada a algum transtorno mais grave?

Sim, a mentira patológica, como assim definem os manuais de Psiquiatria, podem estar relacionadas a transtornos mais graves e sua identificação rápida faz toda a diferença, tanto para o tratamento como paras o desenvolvimento global da criança, sobretudo o social, uma vez que a mentira pode trazer consigo questões relacionadas à Justiça, ficando os pais responsáveis também por danos a terceiros, por exemplo.

 

  • Existe algum remédio para diminuir ou mesmo acabar com a mentira na infância e na adolescência?

Não, não existe remédio para aquilo que da ordem do Comportamento e da Moral, aprendizados que devem fazer parte da rotina da criança desde muito cedo.

Educar a criança sob a luz da Verdade é o caminho para evitarmos condutas inadequadas, problemas que podem se tornar graves e criar cidadãos íntegros.

Sendo assim, famílias, eduquem suas crianças a partir da verdade, sem fantasias e mentiras. Acostumem seus filhos a dizerem sempre a verdade e a assumirem seus próprios erros quando cometerem.

É claro que existem situações que extrapolam as condições familiares, domésticas e sociais. Para estes casos precisamos do auxílio de especialistas.

NOTA DA REDAÇÃO – Valeska Magierek é  Psicóloga pela UFSJ, com especialização em Neuropsicologia pela FUMEC e mestrado em Psicobiologia na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP); atua há mais de 20 anos na área de Psicologia Infantil e Neuropsicologia; é Diretora Clínica do Centro AMA de Desenvolvimento em Barbacena. www.centroamadesenvolvimento.com.br.

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