Lua sangrenta
Por Débora Ireno Dias
A lua brilha num céu aberto de estrelas sem fim. Ela sempre brilha no céu. Mas hoje seu brilho traduz tristeza ao ver a terra arder em chamas. A mão humana, capaz de criar obras diversas para alegrar a vida, não se faz capaz de cuidar da Obra do Criador. Destrói! O que é para ser nossa Casa Comum vira um amontoado de cinzas que o vento carrega, fazendo chegar a quilômetros o cheiro da destruição.
A terra chora. As nascentes morrem junto com as plantas e os animais. Morremos também nós, sufocados pela fumaça criminosa que o próprio ser humano provoca. Fumaça que se alastra por terrenos, invade casas, fede a roupa no varal, deixa marcas na vegetação, cega o motorista que vai de encontro a outro carro e encontra a morte.
A mesma mão que constrói pontes e casas para unir pessoas, que planta o alimento, que faz o belo ser eternizado nas artes, que descobre remédios para o corpo e a alma, não tem sido capaz de cuidar do bem mais precioso: a Casa onde moramos todos os seres! Pensa-se em planetas, descobrir o universo. Não pensa, a grande maioria dos seres humanos, que se faz urgente cuidar daqui, do chão que pisamos, pois é nele que desejamos semear, proteger e ver florescer nossos sonhos.
Paradoxo! Contraditório! Em nome de quê?! Agroindústria? Exploração imobiliária? Desenvolvimento? Exploração mineral?
Só há desenvolvimento pleno – e isso muitos estudos já comprovaram – se todo o ambiente estiver envolvido, cuidado, protegido.
Mãos que provocam queimadas precisam ser punidas. E podem aprender a fazer carinho onde hoje deixam feridas.
Semear flor. Colher os frutos de uma convivência harmoniosa entre desenvolvimento e sustentabilidade.
Será possível?