Não sou muito afeita a cuidar de plantas, de flores. Gosto de admirá-las, de ganhá-las e deixá-las enfeitando minha casa. Mas não consigo cuidar, trocar a terra, olhar o vaso, estas coisas. Digo que não tenho mão para isso.
Há dias, na festa de ex alunos em Viçosa, o enfeite de mesa do baile era um vaso de flor que se podia trazer para casa. Ao final das comemorações de meus vinte anos de formada, saí carregando um belo vaso de azaléia. Queria pegar outros que estavam sendo esquecidos pelos convidados, mas me contive com um somente. Tive o cuidado de ajeitá-lo no carro para que as flores não caíssem. Chegando em Barbacena, coloquei-o na mesa de jantar, perto da janela, onde o sol entra para nos acordar da noite. A cada manhã, rego com pouco de água e observo. Já era para as flores terem caído, as folhas murchado, ou o contrário. Mas estão ali. Vejo um broto novo saindo, folhas verdinhas e pequenas em meio às antigas. Hoje me peguei recolhendo as folhas que tampavam a terra. E ri de mim mesma porque tempos atrás eu não faria isso. Talvez por não saber das minhas habilidades, talvez por comodismo, não sei. Passou um pensamento pelo coração. Tempo de cuidar, de aguar, de ver o broto nascer. Tempo de por a mão na terra e sentir a vida pulsando. Tempo novo que virá. Não sei o que virá, mas sei que “…há de se cuidar do broto, para que a vida nos dê flor e fruto…”
Débora Ireno Dias
12 de janeiro de 2019