Há 40 anos, Brasil parava para ver reportagens de Hélio Costa no Fantástico

Se você tem mais de 40 anos, certamente se lembra ou já ouviu falar da história do menino que vivia dentro de uma bolha de plástico nos Estados Unidos. Essa e outras reportagens marcantes foram feitas por Hélio Costa para o Fantástico nos anos 1970 e 1980, quando o Brasil praticamente parava para acompanhar os casos, que repercutiam por muito tempo.

Nascido em Barbacena (MG), Costa ouvia rádio desde criança. Aos 13 anos, depois de uma visita à Rádio Nacional do Rio de Janeiro (RJ), voltou para sua cidade e conseguiu emprego como office boy em uma emissora local.

Posteriormente, virou locutor e apresentador e seguiu para Belo Horizonte (MG), onde trabalhava, ao mesmo tempo, no jornal Estado de Minas, nas rádios Itatiaia e Inconfidência e em uma agência de publicidade.

Foi para os Estados Unidos cobrir a posse do presidente John Kennedy (1917-1963), em 1961, e acabou ficando por lá, trabalhando primeiramente na rádio Voz da América. Em setembro de 1972, se tornou correspondente da Globo, trabalho que marcaria definitivamente sua carreira.

Nas noites de domingo, o público aguardava com ansiedade os relatos do jornalista, que apresentava de Nova York, ou diversos pontos dos EUA, casos relacionados à saúde a entrevistas com celebridades.

Foi assim que ele mostrou, em 21 de setembro de 1975, o caso do menino David. Então com quatro anos de idade, ele tinha uma doença imunológica rara e vivia desde que nasceu dentro de uma bolha completamente esterilizada em um hospital de Houston, no Texas.

A matéria comoveu o Brasil e repercutiu durante várias semanas. Tanto que foi feito um acompanhamento especial do caso até a morte do garoto, em 1984. “Foi um sucesso extraordinário. Nós fizemos um acompanhamento durante quase seis anos. Fizemos a primeira reportagem com ele totalmente isolado na bolha, depois com uma roupa com a qual podia sair e, depois, a morte dele, aos 12 anos. Aquilo traumatizou o país. Foi muito forte”, disse Costa em depoimento ao projeto Memória Globo.

Outra reportagem marcante foi feita no início dos anos 1980 –era a primeira vez que a AIDS, que surgia como uma nova epidemia, aparecia com tanto destaque na televisão brasileira.

Costa ainda mostrou, pela primeira vez, uma ultrassonografia de um bebê na barriga de sua mãe, cobriu a morte e o enterro de John Lennon (1940-1980), relatou conflitos em El Salvador, Nicarágua e Oriente Médio e entrevistou personalidades como Paul Newman (1925-2008), Frank Sinatra (1915-1998), Liza Minelli e Henry Fonda (1905-1982), entre outros.

Em 1986, Costa deixou a Globo para se dedicar à política. Foi eleito deputado federal e disputou o governo de Minas em duas oportunidades, em 1990 e 1994. Em março de 1990, voltou à emissora para apresentar a primeira versão do Linha Direta, que durou pouco tempo. Posteriormente, foi novamente deputado, senador e ministro das Comunicações entre 2005 e 2010.

“A Globo sempre soube juntar esses dois ingredientes da boa televisão: talento com equipamento. E valorizando o profissional. Sempre foi uma belíssima empresa para se trabalhar. Tudo o que eu tenho, devo à Globo”, destacou Costa no depoimento.

“A experiência política é gratificante, porque pude também ajudar muita gente. Mas ela é altamente desgastante e me deixou mágoas profundas. Tive uma vida gloriosa, gratificante, absolutamente fascinante como jornalista e como repórter. Já minha experiência política foi absolutamente dolorosa, penosa”, concluiu ele, que atualmente está com 80 anos.

Matéria retirada da UOL.

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