Fogos de artifício e autismo

Vem chegando o feriado de 12 de outubro e com ele a apreensão de familiares de pessoas com autismo, visto que o hábito de utilizar fogos de artifícios gera incômodo, desestabilização e transtornos para as mesmas.
Diante disso, é crescente a campanha desestimulando e racionalizando seu uso, visto haver formas limpas de manifestações.

1) Por quê pessoas com autismo têm medo de fogos de artifício?
Geralmente pessoas com autismo ou TEA (Transtornos do Espectro Autista) possuem hipersensibilidade a sons, o que fazem com que ruídos e barulhos sejam superdimensionados, trazendo desde irritabilidade até crises comportamentais mais graves, como agressões e autoagressões, além do choro e desestabilização emocional-comportamental.

2) Fogos podem desencadear crises nas pessoas com autismo?
Nossa sociedade ainda precisa internalizar o conceito de empatia, ou seja, colocar-se no lugar do outro. Quando eu solto um foguete ou algo do gênero, ignorando estar próximo de um hospital, ou não sabendo estar próximo de um idoso, de um doente ou de uma pessoa com TEA, assumo o risco de contribuir para o transtorno ocasionado por tal prática, mesmo que ‘sem querer’.

3) O que os familiares de pessoas com TEA podem fazer a fim de minimizar os efeitos negativos desta prática?
Com antecedência converse com a pessoa autista que mora na sua casa, trabalhe com previsibilidade, explique o que geralmente acontece, crie condições de tolerância (um fone, p. ex.).
Procure sempre antecipar determinadas situações para que a pessoa não seja pega de surpresa, considerando seu grau de compreensão.
Os fogos de artifícios são considerados poluição sonora, trazendo prejuízos para idosos, doentes, autistas e animais. Assim, seu uso deve ser racionalizado e sua prática substituída por outras menos invasivas.

4) Como podemos comemorar essas datas de uma forma mais tranquila e sem perder o real sentido delas?

A pandemia que ainda estamos atravessando trouxe lições importantes: a da necessidade do agradecimento por estarmos aqui, a da necessidade de cuidar de si e do outro, a importância de estarmos com quem amamos, a certeza de que somos nada diante da grandeza de Deus.
Podemos substituir os fogos por um momento de oração, de silêncio. Manifeste a sua fé e sua gratidão de outras formas sem fazer barulho em excesso.
Podemos substituir os fogos por cestas básicas, kits de higiene, roupas, medicamentos e etc. Há uma infinidade de pessoas ainda mais carentes com a pandemia que necessitam de auxílio imediato. E nós podemos proporcionar certo alento.
Dedicar meu tempo, mesmo que breve, no cuidado do outro, mesmo que desconhecido, é um tributo muito maior que determinadas ações que temos.
Mantenha sua fé e mude suas práticas. As pessoas com Autismo, os idosos, os doentes, os bichinhos de estimação agradecem!
É no silêncio que devemos agir em benefício de todos.

Valeska Magierek – Neuropsicóloga. Atua no Centro AMA de Desenvolvimento em Barbacena. @amadesenvolvimento.

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