Escolha profissional na adolescência

Adamir Moreira Assis

O que você vai ser quando crescer?Esta pergunta sempre me causou ansiedade e um certo desconforto. Como assim, eu tão novo, imaturo, indeciso e já tenho que escolher algo que vai impactar meu futuro???

Em nossa cultura, os jovens são “obrigados” a fazer a escolha cada vez mais cedo. Será que entre 15 e 17 anos, com tão pouca experiência de vida, é possível fazer uma escolha assertiva?

Nesta faixa etária são comuns as dúvidas, angústias e ansiedade quanto ao futuro. Sem falar em algumas situações em que ocorrem a pressão dos familiares e amigos. Sem falar no excesso de fantasias, na imaturidade ou no desconhecimento sobre a realidade das profissões ou do mercado de trabalho. Enfim, o jovem muitas vezes não tem condições de escolher, mas é exigido da sociedade que o faça com tão pouca idade.

Contudo, apesar deste momento tenso e estressante, é possível enfrentá-lo e vencê-lo!

Para isto é necessário o investimento pessoal na reflexão, diálogo e pesquisa. Quanto mais o jovem investir sua energia pesquisando e refletindo sobre sua escolha, maiores as chances de descobrir a profissão coerente com seu projeto de vida, suas habilidades e interesses. Ou seja, o investimento neste momento decisivo pode permitir ao jovem identificar aquilo que ele realmente gosta e que contribuirá para sua felicidade.

Mas, o que levar em consideração para identificar “o que vou ser quando crescer”?

Neste sentido, cinco fatores são fundamentais nesta reflexão:

  • Família e amigos: Quais são as expectativasda família em relação ao seu futuro? Como é a situação econômica e social da família? Quais são as prioridades? Há pressão para que dê continuidade a algum negócio da família ou para que realize algum curso específico?A família e os amigos exercem forte influência sobre a escolha profissional. Não se pode desconsiderar o histórico familiar e suas marcas na identidade do jovem. Embora o ideal não seja ceder à pressão da família caso o interesse do jovem seja diferente dos pais, há que se considerar toda a dinâmica familiar. Até mesmo se o jovem deseja e tem condições de escolher um curso que precise morar em outra cidade (isto é possível ou uma fantasia?). Importante identificar se há interferências externas (familiares e amigos) e o jovem posicionar-se afirmando seus reais interesses.
  • Autoconhecimento: Sócrates, filósofo grego que viveu muito Antes de Cristo, disse a célebre frase “conhece-te a ti mesmo”, afirmando que conhecer-se é o ponto de partida para uma vida equilibrada e, por consequência, mais autêntica e feliz. Alguns pontos para ajudar no autoconhecimento: Quais são os interesses, habilidades e desejos?Quais os principais valores? E os preconceitos?Este papo de autoconhecimento pode soar como clichê e abstrato ao jovem, mas é relevante. Além da própria reflexão, a conversa com amigos, professores, terapeuta e familiares podem ajudar o jovem a ter feedbacks e a se conhecer melhor. Analise as matérias que você gosta, seu jeito de ser, habilidades que tem, pontos a desenvolver.
  • Projeto de vida: Importante olhar para o futuro também e pensar em quem você deseja ser, que estilo de vida quer ter, qual lugar social e ocupacional pretende ocupar na sociedade. Ao escolher uma profissão estamos escolhendo também um padrão de vida. Se escolho medicina por exemplo, estou disposto a trabalhar mais do que 8 horas diárias, a fazer plantões, a lidar com a saúde e a vidadas pessoas? Se escolho engenharia de minas, estou disposto a trabalhar fora dos grandes centros urbanos, a ter contato com minas e ambientes insalubres?
  • Profissões: É importante se situar também em relação às opções de profissões: o que são, o que fazem, como fazem, onde fazem, possibilidade de atuação no mercado de trabalho. Muitas vezes ocorre uma idealização de alguma profissão e desconsidera-se detalhes importantes. O conhecimento detalhado do cotidiano profissional permitirá ao jovem desmistificar a profissão e avaliar seu real interesse.É válido pesquisar na internet, conversar com profissionais da área, participar de feiras de profissões, fazer visitas técnicas, realizar entrevistas ou trabalhos voluntários. Faça uma lista de profissões que possa te interessar e vá a campo se informar.
  • Mercado de trabalho: Por fim, o conhecimento sobre o mercado de trabalho (situação político-econômico do país, remuneração, local de trabalho) e a avaliação dos modismos permitirá levantar mais elementos para análise. Não se pode correr o risco de escolher determinada profissão somente porque está na moda ou porque se remunera bem. Por outro lado, se a opção é por uma profissão que o mercado de trabalho não é fácil, este conhecimento pode ajudar o jovem a se preparar melhor. Além disso, com as mudanças constantes e rápidas que estamos passando na sociedade, o mercado de trabalho está mudando rapidamente e sendo muito influenciado pela tecnologia. Importante pesquisar e analisar qual a tendência do mercado de trabalho e o que será exigido dos profissionais.

Adiar, ignorar ou desprezar a escolha profissional pode ter sérias consequências na saúde física e emocional, no amadurecimento e no preparo do jovem para o futuro profissional. Portanto, há que se investir tempo e energia nesta reflexão, no momento certo, ou seja, na adolescência.

Algumas vezes o jovem tem interesse em profissões muito diferentes como, por exemplo, engenharia e medicina. Caso tenha dificuldade em se decidir, esteja angustiado ou muito ansioso com o processo de escolha, é importante que busque ajuda profissional.

Um Orientador Profissional poderá auxiliar o jovem a se conhecer melhor, conhecer as opções de profissões coerentes com seu perfil e elaborar a decisão. Na orientação são utilizadas entrevistas, testes, exercícios e pesquisas que permitem ao jovem identificar áreas de interesse, aprofundar a análise sobre seu projeto de vida e elaborar suas dúvidas. Este é um investimento que pode contribuir para que o jovem sofra menos com o processo e evite equívocos de uma escolha errada e que lhe trará prejuízos financeiros e emocionais.

Os pais têm o papel fundamental de apoiar, orientar e principalmente escutar o jovem em seus desejos e anseios. É necessário cuidado para que os pais não depositem suas frustrações e sonhos no jovem. Os pais precisam ter o discernimento de que a escolha é individual, exclusivamente do jovem. Os pais, amigos ou pessoas externas tem o papel de apoiar e orientar, mas jamais de definir e impor.

Escolher uma profissão é antes de tudo um exercício de aprender a tomar decisões e se preparar para tantas outras que irão ocorrer ao longo da vida. Implica em aprender a lidar com os riscos e incertezas inerentes a qualquer escolha. Implica em se preparar para a própria vida adulta, um ato essencial ao crescimento e amadurecimento de todo jovem. O que você vai ser quando crescer só depende de você! Analise seus interesses, converse com as pessoas mais próximas, pesquise muito e decida com base em informações objetivas. O momento de escolha também é um momento de crescimento e amadurecimento! Enfrente-o!

 

NOTA DA REDAÇÃO: Adamir Moreira Assis. Psicólogo, Especialização em Gestão de Pessoas e Mestre em Psicologia. Atua há17 anos comGestão de Pessoas e Orientação de Carreira.

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