Nos deixamos levar por um mundo de ilusões e nos perdemos nele. Perdemos o controle sobre nossos filhos e hoje eles estão à deriva dentro de nossas próprias casas; fomos permissivos demais e eles, nossos filhos, que não têm experiência de vida e de mundo, não mais reconhecem nossos papéis de pais. Delegamos a terceiros os cuidados dos nossos filhos e hoje perdemos a autoridade e o reconhecimento deles enquanto pais. Não respeitamos a lógica do próprio desenvolvimento e hoje precisamos lidar com a inconsequência daqueles que só querem vivenciar o lado ‘bom’ e ‘prazeroso’ da vida. Deixamos para amanhã corrigir o erro de hoje, mas nos esquecemos que o amanhã pode nunca chegar.
Permitimos que regras simples fossem burladas em nome de uma relação mais harmoniosa entre pais e filhos, ainda impressionados pela ausência dessa relação em gerações passadas.
E permitimos muitas outras coisas todos os dias. E sem perceber nos afastamos mais e mais de nossos filhos, da família que desejamos um dia construir e até de nós mesmos.
Mas se quisermos mudar o rumo desta história precisamos, antes de mais nada, assumir nossa responsabilidade sobre nossos próprios erros: erramos quando nos omitimos diante de um tropeço dos nossos filhos; erramos quando não estamos lá quando ele mais precisa (o que abre precedentes perigosos e às vezes sem volta); erramos quando não assumimos nossa responsabilidade de pais e terceirizamos seus cuidados (há filhos com múltiplos cuidadores e eles nem sabem quem de fato são seus pais); erramos quando colocamos na época que vivemos o caos que nós mesmos criamos.
Assim, reconhecidos nossos próprios erros, podemos e devemos tomar as rédeas desta história! A mim cabe a responsabilidade e o cuidado sobre meus filhos!
Reconhecer meu papel de mãe, de pai é assumir esta responsabilidade. Destinar tempo a educar, a acompanhar e a corrigir é fundamental e necessário.
Crianças necessitam de um bom comandante: seguro, coerente, cuidadoso, respeitável e também afetuoso. Se educa muito mais pelo afeto do que pela espada, parafraseando épocas passadas.
Estabeleça limites e papéis na sua casa. Cuidado com os modismos que nos rodeiam. Toda história pode ser vivida, mas aquelas em curso não podem ser negligenciadas ou abandonadas.
Ensine ao seu filho o que é certo e também o que é errado; ele precisa exercitar desde pequeno o livre arbítrio.
Ensine ao seu filho o valor e o lugar do trabalho, assim ele valorizará cada conquista.
Mostre ao seu filho a importância e a necessidade dos estudos: uma sociedade é organizada ao redor do conhecimento.
Mostre ao seu filho que há caminhos fáceis para se obter o que desejar, mas ensine a ele o caminho correto, aquele do qual nos orgulharemos no fim da nossa vida.
Ensine ao seu filho a diferença entre amigos e colegas; seja amigo dele e o ensine a conviver com os colegas que fizer ao longo da vida.
Não há modelos perfeitos, pais perfeitos, mundo perfeito. Mas podemos ser aqueles que, criados em bases sólidas da ética, da moral e dos valores, terão mais chances de ver nossos filhos seguindo o caminho do Bem e sobrevivendo aos perigos e chatices da tal modernidade.
NOTA DA REDAÇÃO – Valeska Magierek é Psicóloga e Neuropsicóloga, trabalha no Centro AMA de Desenvolvimento em Barbacena. @amadesenvolvimento.