Contra-Ataque: Haja “sorte”!
Sérgio Monteiro
Haja “sorte”!
Líder do Brasileirão, o Atlético precisa mudar a chave e focar as suas atenções na Copa Libertadores, onde tem um desafio imenso pela frente, que é disputar a vaga com o poderoso River Plate em uma das semifinais da competição intercontinental. Que o time tenha força, concentração e futebol suficientes para alcançar o objetivo de colocar o Galo em condições de disputar a cobiçada taça. E que os torcedores consigam, como de costume, passar para a equipe aquela energia que só o atleticano consegue.
Mas a tarefa do torcedor não para por aí. É preciso também muita paciência para lidar com as provocações alheias, cada vez mais constantes devido à fase do time – campeão estadual, líder do Brasileirão, dono da melhor campanha geral na Libertadores e classificado para as quartas de final da Copa do Brasil. O Galo está chamando a atenção. E assim, como o histórico elefante, incomodando muita gente. Isso é um ótimo sinal.
A campanha irretocável de 2021 – estamos falando apenas de números e contra eles não há argumentos – tem sido alvo de questionamentos de torcedores rivais. E eu nem estou falando de cruzeirenses ou americanos, mas sim de corintianos, tricolores e especialmente flamenguistas. Vejam só, logo os flamenguistas, que sempre fizeram questão de dizer aos quatro cantos que a rivalidade era só daqui pra lá! O mundo, realmente, gira.
Bastou o Galo assumir a liderança do Brasileirão para o WhatsApp trazer a seguinte frase, vinda de um grande amigo rubro-negro: “Cuca tem muita sorte”. Ora, meu caro. Haja sorte para conseguir oito vitórias seguidas, não? E 11 em 15 jogos disputados. Além do mais, só mesmo com sorte para ter a melhor defesa e o artilheiro do campeonato. Se eu sou o Cuca, com uma informação dessas, a primeira coisa que faço é cravar seis números na mega-sena. Tudo bem que ele não precisa tanto quanto eu de um prêmio desses, mas rejeitar tenho certeza que não é o caso. Ele é sortudo, não louco.
De um corintiano, no mesmo grupo de WhatsApp, veio a seguinte mensagem, ainda mais engraçada: “mas o Galo está ganhando de ninguém, né?” Sim, meu caro. No Brasileirão é assim: todos jogam contra todos, menos o Atlético, que pega uns adversários mais fáceis. E na Libertadores, caímos do lado mais simples das chaves, enfrentando babas como Boca Juniors e River Plate. Se der a sorte de passar, que venha um dos fracos São Paulo ou Palmeiras. Eu nem quis lembrá-lo que entre as oito vítimas consecutiva no Brasileirão estão o Flamengo e o próprio Corinthians. Seria inconveniente, penso eu. Mais inconveniente ainda, seria perguntá-lo quais os adversários do Corinthians nas quartas da Libertadores e da Copa do Brasil. Melhor não.
Mas não é só agora que estão se preocupando com a campanha do Galo. Um outro amigo rubro-negro reclamou, já na primeira rodada do Brasileirão, do pênalti marcado a favor do time mineiro no confronto contra o Fortaleza. “Hulk é forte”, disse, alegando que nesse caso o empurrão não deveria ser considerado. De fato, é divertido. Pênaltis devem ser marcados ou não levando em consideração a força de quem sofre a falta. Sendo no Hulk, até tiros estão permitidos. Mas não encostem no Bruno Henrique, por favor. Vai bem ao encontro do que disse o comentarista de arbitragem sobre o lance, logo que a penalidade foi marcada. “Há o empurrão e a arbitragem acertou ao marcar o pênalti, mas eu não marcaria”. Isso, por si só, explica tanta coisa, não? Dou credibilidade zero a comentaristas de arbitragem. Brasileiro costuma ter memória curta, mas do que fizeram essas pessoas quando apitavam, eu me lembro muito bem.
Ainda sobre arbitragem, um torcedor do Fluminense e outro do Flamengo até hoje andam inconformados com os gols anulados do Boca Juniors nos duelos com o Galo pelas oitavas da Libertadores. Repito: um torcedor do Fluminense e outro do Flamengo. Você não leu errado, é isso mesmo. Hilário também, não? Querem o VAR, desde que ele não corrija erros do campo em jogos do Atlético. Lembro eu ao tricolor o que houve em Assunção, na primeira partida do Fluminense contra o Cerro, na mesma fase da mesma competição, ou é desnecessário? Até tentei, mas o importante pra ele é que o VAR anulou um gol do Boca em plena La Bombonera! Para sorte dele, a idade deixa a gente menos paciente e preferi não estender ainda mais a conversa.
E o flamenguista? Ah, esse tem um mês que só fala de Galo x Boca. Já falei de Wright e Aragão, mas não adianta. É o Galo o time ajudado pelo apito e ponto final. O Flamengo, coitado, é sempre prejudicado pela CBF e pelos árbitros. Quase choro quando conversamos. Que tenhamos ainda mais sorte contra o River, porque é mais um desses adversários fracos que o Galo tem pela frente e mesmo assim só na sorte do Cuca poderemos avançar e manter o sonho do título continental aceso.
Deixo, aqui, uma pergunta aos queridos amigos flamenguistas, tricolores e corintianos que me inspiraram a fazer esse texto: quem incomoda mais – o elefante ou o galo? Não é jogo do bicho, mas façam as suas apostas.
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Crédito – Pedro Souza/Atlético