Contra-Ataque: Com que roupa?
Sérgio Monteiro
Com que roupa?
O Atlético estreia nessa quarta-feira, dia 21, na Copa Libertadores. A primeira partida do Galo na principal competição do continente será em Caracas, na Venezuela, diante do desconhecido Deportivo La Guaira e a expectativa da torcida é que o time se reencontre já neste primeiro duelo. Com um elenco milionário, o Galo é apontado por todos como um dos candidatos ao título, mas precisa reforçar dentro de campo essa condição.
Ainda que esteja na liderança folgada do Campeonato Mineiro, a verdade é que o Atlético de Cuca ainda não empolgou e é bastante contestado pelo seu torcedor. Jogadores badalados ainda não justificaram o alto investimento feito pelo clube, como o atacante Hulk, que, com atuações apagadas e apenas um gol de pênalti na primeira fase do estadual, sequer garantiu vaga no time titular.
Além disso, o técnico Cuca, com apenas seis jogos à frente do time, ainda não conseguiu dar um padrão à sua equipe.
O problema é que o time parece ter regredido. O treinador herdou um trabalho bem sucedido de Sampaoli na última temporada e ainda ganhou reforços interessantes, como o meiaNacho, mas parece não ter aproveitado essa herança. Tanto que o Galo que começou o Mineiro com o interino Lucas Gonçalves e uma equipe alternativa encantou muito mais do que o time atual, recheado de craques.
Nos bastidores do clube, os investimentos feitos desde a temporada passada na montagem do elenco têm como motivação a conquista de um título de grande expressão neste ano. Além da Copa Libertadores, o Galo terá pela frente o Brasileirão, que começa no final de maio, e a Copa do Brasil, cuja estreia atleticana será em junho. Além disso, o título estadual é tratado como obrigação. Ou seja: Cuca tem pouco tempo para fazer testes e ajustar o time. Vai ter que fazer a engrenagem funcionar com o barco em movimento. Um desafio que até poderia parecer fácil a princípio, mas que vem se tornando uma dor de cabeça para o treinador.
Nas últimas entrevistas, Cuca assumiu a sua responsabilidade como comandante da equipe, mas também demonstrou claramente o incômodo com as cobranças feitas. Acontece que tudo o que gera expectativa vira alvo. Amparado por parceiros da iniciativa privada, o Atlético foi ao mercado e se reforçou gastando quantias que vão na contramão do momento vivido pelos clubes em função da pandemia.
Jogando com estádios fechados há mais de um ano, as receitas são poucas e a expectativa é de pouco gasto também. Cenário que o Galo desconhece. De 2020 pra cá, o investimento feito no atual elenco é de cerca de R$ 200 milhões.
Investimento esse que ainda não se traduziu em conquistas. No Brasileirão de 2020, o Galo chegou a ser líder, mas terminou em terceiro lugar. Por isso, a esperança de investidores e torcedores é que as taças venham esse ano. Daí as cobranças.
Diante do que viu nas últimas apresentações do time, o atleticano vem, aos poucos, guardando a euforia e a ansiedade por grandes títulos na gaveta e já começa a se apegar ao amor incondicional pelo clube e à tradicional garra alvinegra para se dar bem na primeira fase da Libertadores. De desconhecido, o La Guaira, atual campeão venezuelano, já passa a ser até mesmo temido. Até porque a última experiência do Galo na competição traz sensações bem estranhas. Em 2019, o time alvinegro sequer passou da primeira fase, parando em adversários que também eram tidos como presas fáceis, como o também venezuelano Zamora, o Nacional, do Uruguai e o Cerro Porteño, do Paraguai
Cerro que novamente estará no caminho alvinegro este ano. Além do La Guaira e do time paraguaio, o América de Cáli, da Colômbia, completa o grupo H. Um grupo semelhante em termos de tradição e dificuldade imposta pelos adversários em relação ao de 2019. Que as coincidências terminem por aí.
Se o torcedor está desconfiado, é porque o time não passa segurança alguma dentro de campo. E é bom que Cuca e seus comandados definam logo com que roupa vão enfrentar a Libertadores e os principais desafios que a temporada apresenta para os alvinegros. Vai vestir a roupa de favorito, justificando o alto investimento na montagem do time, ou vai optar pela surrada camisa do “eu acredito”, que empurrou o Galo em campanhas anteriores?
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Crédito – Pedro Souza / Atlético-MG