Você já ouviu falar emginandromorfismo?

Tal fenômeno nos permite observar aves, insetos e até mesmo crustáceos apresentando colorações, formas e tamanhos diferentes em distintas regiões do corpo, tentando acasalar em alguns momentos e colocando ovos em outros.

Por Sabrina Medeiros, membro do Centro de Estudos em Ecologia Urbana e Graduanda em Ciências Biológicas, no IF Barbacena e Delton Mendes, orientador e coordenador do Centro de Estudos em Ecologia Urbana, do IF Barbacena.

 

O planeta em que vivemos, assim como os animais e todos os seres vivos que nele habitam, está coberto de informações e curiosidades que jamais poderíamos imaginar.  O estudo genético é parte importante para revelar grande parte dessas informações, sendo essencial na descoberta de diferenças e variações genéticas, seja no genótipo (conjunto formado pelos genes de um indivíduo que não são modificados naturalmente), ou no fenótipo (características visíveis que podem ser modificadas com o passar do tempo).

O fenômeno conhecido como ginandromorfismo, do grego gynos (feminino) e andros (masculino) se trata basicamente de uma condição inusitada e rara, mas não incomum, na qual indivíduos apresentam tecidos geneticamente femininos e masculinos,apresentando traços condizentes com ambos os sexos, podendo se dividir em duas partes distintas, ou seja, não somente é manifestada nos órgãos sexuais, como acontece no hermafrodismo, mas principalmente em seu fenótipo. Tal característica nos permite observar aves, insetos e até mesmo crustáceos apresentando colorações, formas e tamanhos diferentes em distintas regiões do corpo, tentando acasalar em alguns momentos e colocando ovos em outros.

Existem três formas diferentes de ginandromorfismo: polar, quando a região anterior do corpo do animal determina um sexo e a posterior outro; bilateral, quando podemos observar que o indivíduo é dividido ao meio onde cada metade do corpo representa uma característica; e oblíquo, com região anterior e um dos lados predomina uma característica e posterior e outro lado outra, em formato diagonal. Porém, por se tratar de um fenômeno recessivo, o ginandromorfismo não é completamente perfeito e dividido em partes metricamente iguais. Alguns animais podem possuir uma colcha de retalhos estranha de diferentes células em todo o corpo – que pode ocorrer até mesmo em uma única pena, não possibilitando o reconhecimento nítido da divisão entre as duas metades do corpo.

Segundo dados publicados pela Revista Galileu (2019) há diversas teorias e ainda restam muitas dúvidas sobre tal condição. Alguns animais têm cromossomos sexuais normais em cada lado do corpo, o que leva pesquisadores a pensar que são quase como gêmeos bivitelinos unidos pelo centro. Outra teoria é que, por uma falha de formação de óvulos, o pacote de DNA com metade dos cromossomos que deveria ser descartado (chamado de corpo polar) é retido e fertilizado, causando ambos óvulo e corpo polar a se desenvolverem.Essa condição rara é ainda inédita em mamíferos, provavelmente por apresentarem desenvolvimento de sexo bastante distinto dos demais grupos de animais, sofrendo bastante influência de hormônios.

Apoio divulgação científica: Samara Autopeças e Barbacena Online

 

RARA CONDIÇÃO FAZ ANIMAIS SEREM METADE FÊMEA, METADE MACHO. Revista Galileu, 2019. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2019/04/rara-condicao-faz-animais-serem-metade-femea-metade-macho.html>. Acesso em: 11/08/2020.

ROBSON, David. O mistério dos animais que são metade macho, metade fêmea. BBC, 2015. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150924_vert_earth_ginandromorfos_ml>. Acesso em: 11/08/2020.

METADE FÊMEA METADE MACHO. NationalGeographic. Disponível em: <https://nationalgeographic.sapo.pt/historia/actualidade/14-edicoes/1113-metade-femea-metade-macho>. Acesso em 11/08/2020.