Ao serem fortemente ameaçados, esses animais restringem o fluxo de saída de sangue da cabeça, aumentando a pressão arterial e rompendo vasos minúsculos em torno de suas pálpebras.
Por Sabrina Medeiros, membro do Centro de Estudos em Ecologia Urbana e Graduanda em Ciências Biológicas, no IF Barbacena e Delton Mendes, orientador e coordenador do Centro de Estudos em Ecologia Urbana, do IF Barbacena.
O Planeta Terra abriga seres vivos com diferentes características e mecanismos, podendo conter as mais inusitadas e inimagináveis características. Os denominados Lagartos de Chifres, da espécie Phrynosomacornutum, comumente encontrados no sudoeste dos EUA e no México, possuem várias habilidades e um dispositivo de defesa bastante peculiar.
Esses pequenos indivíduos, que não ultrapassam os 60 centímetros de comprimento, são distinguíveis pela coroa formidável de chifres em sua cabeça e inúmeros espinhos a sua volta. A coloração desses repteis proporciona-os camuflagem considerável e geralmente sua primeira estratégia de defesa é usar tal característica para evitar a detecção de seus predadores. São ainda bastante ágeis, podendo correr em rajadas curtas e parar de repente além de inchar seus corpos para fazer com que pareçam maiores e mais difíceis de engolir. Porém, apesar de todas essas estratégias para afugentar seus predadores, esses animais possuem a capacidade incrível de lançar jatos de sangue pelos olhos por contar com dois músculos que protegem os principais vasos sanguíneos que alimentam seus olhos.
Os também conhecidos como “sapos chifrudos” costumam esguichar quando estão entre os dentes de um predador — como a raposa-do-deserto —, para se assegurarem de que acertam no alvo, diz o herpetólogo Wade Sherbrooke, antigo diretor da Estação de Investigação do Sudoeste do Museu Americano de História Natural. Ao serem fortemente ameaçados por coiotes ou os linces-pardos, por exemplo, esses animais restringem o fluxo de saída de sangue da cabeça, aumentando a pressão arterial e rompendo vasos minúsculos em torno de suas pálpebras.
O sangue esguichado pelos olhos desses seres pode percorrer distâncias de até um metro, sendo útil para confundir seus predadores, uma vez que contém uma substância química bastante desagradável para os animais que tentam captura-los. Apesar disso, por terem desenvolvido um fator sanguíneo único, os lagartos de chifres são imunes a picadas de formigas por exemplo, tornando-as uma presa fácil, proporcionando a esses pequenos répteis um estilo de vida sedentário já que possuem comida fácil e abundante, sem ter que enfrentar vasta competição.
Porém, como acontece com boa parte dos animais do planeta, o aquecimento global apresenta uma ameaça para os lagartos. Apesar de todas suas estratégias de adaptações para a vida no calor do deserto, essa espécie não é imune às altas temperaturas e precisam limitar seus períodos de atividades no calor do dia. Até mesmo uma pequena elevação na temperatura pode forçar os indivíduos a perderem uma porção significativa do dia quando poderiam estar se alimentando. Infelizmente, segundo a organização de comunicação social dos Estados Unidos – National Public Radio (NPR), se a emissão de gases nocivos na atmosfera do planeta continuar nos níveis atuais, 20% das espécies de lagartos estarão extintos até 2080.
Apoio divulgação científica: Samara Autopeças e Barbacena Online
