Quarentena não são férias: soltar pipa pode causar acidentes com a rede elétrica

Mesmo com a medida de isolamento social determinada por causa da pandemia do novo Coronavírus, muitas crianças e jovens continuam brincando de soltar pipa, fazendo aglomerações e geralmente sem o uso de máscaras. Neste período do ano, essa prática ganha força devido à característica do tempo, em que os ventos são mais fortes, porém, apesar de parecerem inofensivas, é preciso ter muita cautela para não causar acidentes como desligamentos na rede elétrica e também acidentes fatais com quem as soltam. 

De acordo com dados da Cemig, em 2019, incidentes com pipas causaram 1.771 ocorrências, que prejudicaram cerca de 504 mil clientes da companhia. Somente nos quatro primeiros meses deste ano, na Região da Mantiqueira, foram registrados 38 desligamentos provocados por pipas na rede elétrica, que prejudicaram cerca de 11 mil clientes da Cemig. 

Um dos principais causadores de ocorrências no sistema elétrico é o cerol. Esse produto é uma mistura feita com cola, vidro e restos de materiais condutores que pode cortar os cabos da rede elétrica e causar acidentes com a população. Segundo João José Magalhães, gerente de Saúde e Segurança do Trabalho da Cemig, “Para brincar com segurança, as pipas devem ser soltas em locais abertos e afastados da rede elétrica, ou seja, nunca em áreas urbanas. Também é preciso evitar o uso de fios metálicos ou cerol e, caso a pipa fique presa nos fios dos postes, elas não podem ser resgatadas, porque acidentes nestas condições podem ser fatais.”, orienta.

Outro grande causador de ocorrências e que vem se popularizando nos últimos anos é a linha chilena. Esse produto é feito com materiais mais abrasivos que o cerol e nunca deve ser utilizado, pois pode cortar a mão de que solta, os cabos da rede elétrica ou causar mutilação em motociclistas. “Esse tipo de linha é muito mais cortante do que o cerol comum, e infelizmente é possível adquirir este material de origem estrangeira pelo mercado paralelo e até pela internet, o que contraria a legislação.”, destaca o gerente da Cemig.

A lei estadual 14.349/2002 proíbe o uso de cerol ou de qualquer outro tipo de material cortante nas linhas de pipas, de papagaios, de pandorgas e de semelhantes, para recreação ou com finalidade publicitária, em todo o território do Estado de Minas Gerais. Quem for flagrado usando cerol ou linha cortante está sujeito ao pagamento de multa, que varia de R$ 100 a R$ 1,5 mil, podendo ser agravada.

Quanto ao isolamento social, João José Magalhães comenta que os pais devem supervisionar as crianças e jovens na brincadeira. “É fundamental que sejam escolhidos locais descampados, longe da rede elétrica e, principalmente, evite aglomerações. A brincadeira é sadia, mas precisamos ter ainda mais cuidado em um momento em que todo o mundo está alerta em função do Coronavírus.”, destaca.