Por Lucas Câmpara
Quando falamos em planejamento financeiro, seja de qualquer forma, estamos falando da organização das finanças pessoais com o intuito de proteger nosso patrimônio e nossas necessidades, tendo em vista as diversas situações que podemos enfrentar no dia a dia como doenças, desemprego, conserto do carro e diversas outras que normalmente surgem inesperadamente, podendo ser um grande problema para pessoas que não contam com algum tipo de recurso reservado para lidar com essas adversidades e, consequentemente, precisam recorrer ao uso do cartão de crédito e empréstimos, podendo se tornar uma verdadeira bola de neve de dívidas e juros aumentando exponencialmente.
Nesse contexto, surge a figura de um fundo ou reserva de emergência, que deve ser mensurado de acordo com a estrutura familiar e o padrão de vida que cada um possui. A reserva deve ser elaborada pensando no surgimento de necessidades inesperadas ou para períodos de renda cessante, por desemprego, invalidez ou morte do provedor da família por exemplo. Em um primeiro momento pode ser desafiador mensurar o quanto deve ser direcionado para uma reserva de emergência, mas no geral é recomendado que mensalmente cerca de 10% das receitas mensais sejam destinadas a esse fundo, quanto maior for a poupança acumulada melhor, sendo que o ideal é a composição de um fundo suficiente para cobrir de 3 a 6 meses das despesas do indivíduo ou da família, até que o motivo que ocasionou a perda ou redução de renda possa ser solucionado,sem que a pessoa perca sua qualidade e bem estar de vida durante o período de instabilidade. Por exemplo, se o seu gasto mensal é de R$ 5.000 reais, seu fundo de emergência deve ser de R$ 15.000 a R$ 30.000 reais, e 10% de todas as suas receitas (salários, aluguéis e demais rendimentos) devem ser mensalmente alocados à composição do fundo emergencial até que este alcance o montante desejado. É válido ressaltar também que esses recursos devem ser retirados somente para ocasiões verdadeiramente de emergência, e não para uma viagem a lazer ou pagamento dos impostos no final do ano por exemplo, e caso seja utilizado, devemos voltar a destinar recursos mensalmente a fim de repor o montante retirado e formar novamente o total da reserva planejada.
E se eu desejar investir os recursos do meu fundo de emergência?
Nesses casos, para não deixar esse dinheiro parado e perder a oportunidade de receber algum rendimento sobre o capital, podemos fazer aplicações de baixo risco, pensando sempre na essência dessa reserva, que é para necessidades adversas que não têm data nem hora marcada. Portanto, o dinheiro deve estar disponível para resgate a qualquer momento, devendo então priorizar aplicações com liquidez imediata (possibilidade de recuperar o capital investido com rapidez), além de obviamente prezar pela segurança, haja vista que esses recursos não podem estar sujeitos a riscos de perda com variações de taxas do mercado e da economia, nesse caso infelizmente a rentabilidade não poderá ser um parâmetro para as aplicações da reserva de emergência, pois não adianta aplicar o dinheiro em ativos com alta liquidez (resgate rápido) se os recursos estão investidos no mercado de ações correndo risco de possível desvalorização e perdas, sendo assim, os atributos que devem ser valorizados no momento de escolher um investimento para os recursos de sua reserva de emergência são a liquidez e o baixíssimo risco. Algumas opções que se enquadram nesse perfil de investimento são:
Tesouro SELIC
É uma ótima opção, os rendimentos acompanham a variação da taxa SELIC no período, é mais segura e rende mais que a poupança, podendo o valor ser resgatado antes do prazo estipulado sem risco de perdas, assim que o investidor solicita o resgate, que pode ser integral ou parte do valor investido, os recursos estarão disponíveis no dia útil seguinte. Além disso, por se tratar de um título do governo, o tesouro SELIC apresenta risco zero na economia, sendo uma excelente opção para aplicação de reserva de emergência.
CDB com liquidez diária
Esse título de renda fixa emitido pelos bancos pode ser encontrado nos mais diversos prazos, rentabilidades e liquidez. Devemos lembrar que para o caso da reserva precisamos priorizar a liquidez, por isso a escolha de CDBs com liquidez diária, podendo ser resgatados a qualquer momento. Para a remuneração, é aconselhável que seja no mínimo igual ou superior a 100% do CDI, e apesar desse título não contar com a mesma segurança dos títulos públicos, o mesmo conta com a cobertura do FGC (fundo garantidor de crédito), que garante até R$ 250.000 reais em caso de falência do banco por exemplo, o que garante a segurança desse título para um fundo de emergência.
Fundos de renda fixa mais conservadores
Para esses casos, é aconselhável optar por fundos que acompanham a remuneração do CDI e/ou da SELIC, novamente optando por fundos com liquidez diária, prezando pela rapidez de resgatar os recursos em casos de necessidades, checando detalhadamente as regras do fundo para resgates e saques. Por fim, apesar dos fundos de renda fixa serem naturalmente os mais conservadores e seguros, é sempre válido investigar o grau de segurança que a corretora e o gestor do fundo oferecem para ter certeza de que são os fundos mais adequados para aplicar sua reserva de emergência.
NOTA DA REDAÇÃO – Lucas Câmpara é graduado em administração e gestão financeira, graduando em ciências contábeis, especialista e mestrando em finanças. Contato: Instagram @lucas_campara
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