Júlia Medeiros reúne mulheres para falar sobre processos criativos

Acontece entre os dias 15 e 25 de junho a 1ª Mostra Elas, que vai reunir 17 autoras brasileiras, dos mais diversos meios artísticos, que vão conversar sobre as motivações e processos das obras criadas por cada convidada. O evento será em formato virtual e online, de terça a sexta-feira, sempre às 20h pelo canal do Youtube:  youtube.com/juliamedeiros. “A Mostra Elas surge do meu desejo de ouvir essas mulheres que narram outras, reais, a partir de seus trabalhos que tanto me tocaram, seja em livro, filme, espetáculo, pintura, podcast, artigo acadêmico, performance, não importa: quero mostrá-las. Queremos oferecer ao público um produto cultural democrático, inclusivo, diverso, inédito e provocador. Junto com “elas”, vamos ressaltar a importância da arte na reflexão e recomposição do imaginário social, político, econômico, cultural e identitário. A mostra busca também fortalecer as vozes femininas neste período pandêmico, em que se registrou um aumento de 40% nos casos de violência contra a mulher”, ressaltou Júlia.

Participam do evento Anna Muylaert e Lô Politi, Ave Terrena, Branca Vianna, Daniela Arbex, Eliane Scardovelli, Gê Viana, Isabel Casimira, Karoline Maia, Marcela Cantuária, Noemi Jaffe, Raquel Barreto, Renata Carvalho, Renata Felinto, Suely Machado,Tatiana Salem Levy, Zula Cia. de Teatro.

Júlia Medeiros (São João del Rei, Minas Gerais, 1986) é escritora, atriz, dramaturga, compositora e gestora cultural. Seu primeiro livro, também sobre uma mulher real – A Avó Amarela (2018) – foi vencedor dos prêmios Jabuti 2019, FNLIJ – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – e selecionado para o catálogo “White Ravens”, da Biblioteca Internacional da Juventude, de Munique (Internationale Jugendbibliothek), entre outros. Por 16 anos, integrou o grupo de teatro Ponto de Partida, atuando também no coro Meninos de Araçuaí e na Bituca: Universidade de Música Popular. Formou-se ou trabalhou com artistas como Milton Nascimento, Marlui Miranda, Grupo Pau Brasil, Suely Machado e Regina Bertola. Participou de processos de formação em escrita e composição com Noemi Jaffe, Eucanaã Ferraz, Braulio Tavares e Flávio Cafiero e em dramaturgia, com Márcio Abreu.

 

Prestigie:

Dia 15 (terça-feira) – 20h

Renata Carvalho | MOSTRA | Renata Carvalho – A dramaturga, diretora e atriz Renata Carvalho investiga sua ancestralidade trans, ou “transcestralidade”, no monólogo “Manifesto Transpofágico”. Em cena, ela lança um manifesto sobre o nascimento desses corpos, mostrando a construção social e a criminalização que os permeiam, do imaginário à concretude.

Renata Felinto | MOSTRA | Três Marias do Cariri – A artista visual Renata Felinto parte da biografia de três mulheres negras que foram importantes líderes religiosas e comunitárias no Cariri – todas ligadas pelo esquecimento – para criar a videoperformance “Trindade”.

Dia 16 (quarta-feira) – 20h

Noemi Jaffe | MOSTRA | Nadejda Mandelstam – A escritora Noemi Jaffe traz a russa Nadeja Mandelstam, copista e esposa do poeta Osip Mandelstam, como narradora-personagem do romance “O que ela sussurra?” (Companhia das Letras). Nadejda decorou toda a obra do marido, assassinado e censurado pelo regime de Stalin, como ato de resistência, amor e luto.

Suely Machado | MOSTRA | Hilda Hilst – Suely Machado, bailarina, coreógrafa e diretora do Grupo 1º Ato, dança o amor platônico de Hilda Hilst no espetáculo “Três Luas”, a partir da “Ode Descontínua e Remota para flauta e Oboé, de Ariana para Dionísio” musicada por Zeca Baleiro. Hilda, que teve diversos parceiros, dedicou a obra, secretamente, a um dos seus maiores amores – não correspondido.

Dia 17 (quinta-feira) – 20h

Karoline Maia | MOSTRA | Trabalhadoras domésticas – A cineasta Karoline Maia viajou por quatro estados brasileiros para conhecer quartos de trabalhadoras domésticas e entrevistá-las para o documentário “Aqui não entra luz”. Os depoimentos se costuram às lembranças da diretora que, durante a infância, frequentava as casas das famílias onde também sua mãe foi trabalhadora doméstica.

Zula Cia. de Teatro | MOSTRA | Mulheres em situação de cárcere – As atrizes da Zula Cia. de Teatro criaram o espetáculo “Banho do Sol”, a partir de um ano de convívio artístico com mulheres em situação de cárcere. Um convite a lançar um olhar para janelas que foram abertas através da arte, fazendo com que a realidade destas mulheres em privação de liberdade ecoasse para além daqueles muros.

 Dia 18 ( sexta-feira) – 20h

Ave Terrena | MOSTRA | Transvestigêneres na ditadura – Ave Terrena, dramaturga, poeta, diretora, atriz e professora, encena “As Três Uiaras de SP City” – com pesquisa histórica feita a partir de notícias de jornal e artigos da época, Ave levou para o palco as operações de caça a travestis, mulheres trans e prostitutas, durante a ditadura militar. O espetáculo traz o ponto de vista dessas mulheres, vítimas da conhecida “Operação Tarântula”.

Gê Viana | MOSTRA | Sapatonas – A artista visual Gê Viana propõe novas representações do amor lésbico, na série de fotomontagens “Sapatonas”, que emerge um marco identitário ao qual Gê se apega com fervor e alegria: “Venho desse lugar indígena e meu corpo assume isso, assim como assume também a questão de gênero. Nesse trabalho, trago uma nostalgia colorida para combater a transfobia e a lesbofobia e falar de felicidade”.

Dia 22 (terça-feira) – 20h

Anna Muylaerte e Lô Politi | MOSTRAM | Dilma Roussef – As cineastas Anna Mulyaerte e Lô Politi dirigem o documentário “Alvorada”, um retrato intimista da presidenta Dilma Roussef, durante o período de reclusão no Palácio da Alvorada para enfrentar o processo de impeachment, que a destituiu do cargo.

Eliane Scardovelli | MOSTRA | Marielle Franco – A documentarista e repórter Eliane Scardovelli é co-roteirista da série “Marielle – o documentário”, que investiga o assassinato da vereadora mais votada da história do Rio de Janeiro. Ela também vai falar sobre o curta que dirigiu e protagonizou –  “A Vida que eu sonhava ter”, a partir dos depoimentos de quatro mulheres, com idades entre 62 e 84 anos, que conheceu numa viagem a Poços de Caldas.

Dia 23 (quarta-feira) – 20h

Marcela Cantuária | MOSTRA | Guerrilheiras latino-americanas – A artista visual Marcela Cantuária compõe a série de pinturas – “Mátria Livre” – com mulheres precursoras, combatentes, guerrilheiras, mas que muitas vezes são relegadas em detrimento de uma narrativa hegemônica patriarcal. A pintora as realoca no centro da narrativa, investigando novos caminhos para a representação feminina na arte, após séculos de imagens relacionadas primordialmente ao corpo e à nudez da mulher.

Raquel Barreto | MOSTRA | Beatriz Nascimento e Lélia Gonzalez – Raquel Barreto, historiadora e pesquisadora, estuda o feminismo negro e participou dos projetos coletivos de publicação póstuma das obras “Possibilidade nos Dias da Destruição”, da historiadora Beatriz Nascimento e “Primavera para as Rosas Negras”, de Lélia Gonzales, que reuniu artigos, ensaios e textos das autoras.

Dia 24 (quinta-feira) – 19h (horário especial

Branca Vianna | MOSTRA | Angela Diniz – Branca Vianna é idealizadora e apresentadora do podcast “Praia dos Ossos”, um documentário narrado sobre  ngela Diniz, que foi vítima de feminicídio, nos anos 70, e fez explodir o movimento feminista no Brasil. No primeiro julgamento,  Angela foi considerada “culpada por ter sido morta”. O assassino era seu marido.

Tatiana Salém Levy | MOSTRA | Joana Jabace – A escritora Tatiana Salém Levy apresenta “Vista Chinesa”. Inspirado em um evento real, este romance tocante conta a história de uma mulher e uma cidade que foram violentadas – um retrato do Brasil. A diretora Joana Jabace foi vítima de estupro em 2014, na Vista Chinesa, na cidade do Rio de Janeiro.

Dia 25 (sexta-feira) – 20h

Daniela Arbex | MOSTRA | Isabel Salomão de Campos – A escritora Daniela Arbex escreve sua primeira biografia: “Os Dois Mundos de Isabel”, sobre Isabel Salomão Campos, médium que se tornou benzedeira aos 9 anos e com 14 abriu a primeira escola da sua cidade.

Isabel Casimira | MOSTRA | Rainhas da Guarda Treze de Maio –  Co-diretora do documentário “A Rainha Nzinga chegou”, junto à antropóloga e cineasta Júnia Torres, Isabel Casimira é Rainha Conga das Guardas de Congo e Moçambique Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário e da Federação dos Congados do Estado de Minas Gerais. Terceira na linha sucessória desta dinastia de mulheres, Rainha Belinha (Isabel Casimira) viaja à Angola com sua mãe, Rainha Isabel, e outros companheiros da Guarda para saudar a Rainha Nzinga, figura fundamental na resistência contra o domínio português na África, no século XVII, principal referência ancestral do reinado feminino mineiro.

Destaque linha 1