Impacto das redes sociais na formação de opiniões políticas

Por Caren Ferreira Siqueira, membro do Laboratório de Escrita Criativa e Científica do Projeto “Falando de Ciência e Cultura” e graduanda em Sistemas para Internet no IF, Campus Barbacena, sob orientação do professor e pesquisador Delton Mendes Francelino, coordenador do Centro de Estudos em Ecologia Urbana e Educação Ambiental Crítica do IF Barbacena, MG. 

A inserção das redes sociais no nosso cotidiano é historicamente recente, mas por passarmos tantas horas do dia nessa realidade virtual é difícil lembrar como era a vida antes dessa constante interação online. Além disso, para a geração da primeira década dos anos 2000, a vida em rede, além de normal, orienta comportamentos no dia a dia. A falta de conhecimento de uma realidade sem as redes sociais reforça a ausência de reflexão sobre elas, fazendo com que jovens e adultos, que já naturalizaram essas mídias em sua rotina, interajam com elas sem criticidade.

Em cada interação feita com uma rede social, site de busca ou serviço de streaming, o usuário fornece dados sobre suas preferências e ações online, alimentando o “efeito bolha”. Os algoritmos de recomendação trabalham para manter o usuário confortável e conectado por mais tempo, prezando, assim, pela previsibilidade do seu comportamento. Em 2010, o Facebook inseriu o botão “curtir”, o que causou impacto na dinâmica das interações entre os usuários, que passaram a buscar atenção e aprovação, gerando competição entre eles, “premiando” os mais bem sucedidos com curtidas e comentários positivos.

A combinação entre a busca por aprovação e as bolhas sociais (que induzem os usuários a determinadas interações e conteúdos) resultam em um cenário no qual as pessoas ganham o conforto de terem suas visões de mundo constantemente validadas. Esse processo interfere diretamente em aspectos políticos, uma vez que as redes sociais não se apresentam como um ambiente democrático, no qual é possível debater-se opiniões opostas; elas proporcionam um ambiente limitado e confortável de perspectivas semelhantes e consequente aprovação por elas.

Com a constante reiteração de opiniões, as redes sociais contribuem diretamente para cenários políticos polarizados. A possibilidade de personalizar suas relações online, fazendo ou desfazendo amizades, usando de recursos como silenciar ou bloquear pessoas permite que os usuários, além de não terem contato com pensamentos divergentes, tornem-se ainda mais incapazes de lidar com a rejeição aos seus posicionamentos (ideológicos e de crenças, por exemplo). Esse processo, além de tornar as questões políticas passíveis apenas às interpretações pessoais, inviabiliza debates, reforça estereótipos e preconceitos e nos mantém cada vez mais polarizados em uma busca sem sentido pela aprovação alheia.

 

Acesse o Podcast “Falando de Ciência e Cultura com Delton Mendes” pelo link: https://spoti.fi/3PZX9W8

 

Apoio divulgação científica: Samara Autopeças e Jornal Barbacena Online

Fontes:

https://www.scielo.br/j/sant/a/q8zsjyJYW3Jf3DBFSzZJPBg/abstract/?lang=pt

https://www.scielo.br/j/rsocp/a/HPcYGvswbvdFjJGGpLnk6Zd/abstract/?lang=pt

http://www.revista.direitofranca.br/index.php/refdf/article/view/1219

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