Histórias, novas histórias

Por Débora Ireno Dias

A mãe traz a filha e a avó à praia para curtirem um tempo juntas. Na mesa ao lado, num shopping lotado na noite de domingo, amigos conversam, riem e se entendem através dos sinais. Um casal comemora o fato de saírem juntos de férias, pela primeira vez em anos, e descobrimos conhecidos e profissão em comum. Coisas de mineiros!

O recepcionista do hotel já se considera da família. A mulher conta sua história e fala que vai embora dali porque o estado está quebrado e no Sul se vive melhor. Vai viver com seu filho que faz doutorado e trabalha pela inclusão. Ao lado, a família mal chegou de Tiradentes e já fala em ir a Fortaleza. E a menina estende a mão e me presenteia com a maior concha que caçou naquela manhã. 

A garçonete já foi mineira, agora carioca, mas, na verdade, é venezuelana e por aqui chegou há 17 anos. Viúva, filho pequeno, batalhou para que pudessem ficar e viver. Venceram! Na mesa ao lado, um bolo para celebrar os 24 anos. À frente, um happy hour na piscina do hotel. 

No café, energia para caminhar os quilômetros até a imensidão do azul esverdeado. E nessa imensidão, uma mulher se preocupa com meu estágio “danoninho” (compaixão que fala!) e segue-se uma conversa sobre educação, respeito, inclusão (de novo!), ascensão social e profissional através do acesso ao ensino superior (papo político na sua melhor forma). E um casal amigo surge do nada e nos faz lembrar que nossa casa está à espera. Mas ainda há sol e mar, e chuva! 

Uma pausa para o café, num lugar onde se acolhe e é acolhido com gestos e palavras que o Mestre nos ensinou. Numa mesa de bar, brinda-se à nova amizade e às ideias em comum. 

O sol veio tímido, depois de alegrar a vida e fazer arder a pele. Três dias de azul lindo no céu e no mar. A preguicinha veio junto. Porém, a fé não tira férias: hora de louvar a Deus por nos banhar na imensidão do Seu Amor. Escutar Sua Palavra e ver a fé de Izabel e Zacarias. Sinais? Alma alimentada, alimentar o corpo com o sabor da adolescência. Apreciar o mar noturno, descansar no embalo do amor.

E no embalo da onda, levando embora o que foi amargo e trazendo a sensação da renovação, uma oração sincera, banhada pelos sentimentos, dor, esperança e a alegria por saber que Ele nos abraça, cuida e nos entrelaça em Seu Amor. 

E o Amor fica à sombra, observa, lê, respira, inspira, cuida da Amada para que não se perca. Entre conchas e empadas, água salgada e de coco, um sentar-se sincero. Planos, pausas, decisões, sonhos, silêncios, olhares. O Amor na sua essência, caminha de mãos dadas na areia, pés descalços e lavados, alma lavada pela brisa do Espírito, entregando a Ele os que se foram, na expectativa de quem virá. 

No olhar de despedida, um sopro, um sorriso, um aceno de gratidão ao Amado e Àquele que nos conduziu até aqui, nesta imensidão da vida.

Ao longe, o pôr do sol indo, levando consigo o que foi vivido, deixando incertezas sobre o que poderá ser. E será bonito de ser vivido, como o azul daquele mar.