Estímulo em tempos de pandemia

Tudo começou como se começa em tempos de pandemia: virtualmente. Especificamente, quando no grupo familiar, uma irmã posta que seu filho gosta do cantinho da fralda. O que tem nesse canto? Vários brinquedos, cordas, ursinhos coloridos pendurados. Iniciou-se assim o tema: estímulo. Intrigante palavra que vem o latim stimulus, que significa como “tridente/garfo” e quer passar a ideia latina de algo que incomoda, que cutuca provocando uma reação natural, instintiva.

Sendo que cada cor tem uma frequência diferente e ativa conexões diversas no cérebro está explicado o porquê do gosto da criança pelo cantinho colorido, em especial pelas cores fortes.

Estímulo é tudo na vida. Precisamos ser capazes de nos estimular e de fazer o mesmo com outras pessoas. Ele faz com que todos se deem e sejam mais do que aquilo que acostumaram a ser, a não estabelecer limites, mas reconhecer a diversidade e as possibilidades que a vida apresenta. Na infância é essencial para o aprendizado, na adolescência para sair do mundinho egoísta, cismado e traumático-paralisante; na vida adulta para não cair no tédio estressante e na velhice para evitar o quadro depressivo-mórbido. Não há fase em que o estímulo não é necessário, pelo contrário, é parte pulsante da vida.

Certo é que estímulos corretos mudam a nossa vida e se tornam determinantes nas nossas escolhas! Como desenvolver isso no dia-a-dia? As chamadas atividades multifatoriais são aquelas inseridas na rotina como estímulos diferentes, que passam a exigir atenção, memorização e concentração. Ou seja, realizar uma ginástica cerebral, variando os exercícios e incrementando uma dieta ativa, inovadora e criativa. Em palavras mais adocicadas, ser capaz de ocupar sadiamente seu tempo com algo e relações produtivas e agradáveis.

Em meio à pandemia foram restringidos os estímulos naturais vindos das relações interpessoais,  tais como  os abraços, o olhar nos olhos, os apertos de mão, que  liberam o hormônio da ocitocina, responsável pela empatia, pela sensação de bem-estar, além de diminuir o estresse e a ansiedade. Apesar da rotina que se deve ter, tem que ser capaz de manter a mente ativa, desafiar nossas capacidades intelectuais e educativas. Auxilia muito ter um projeto novo, um compromisso prazeroso e edificante com você mesmo. Pode e deve ser estimulante os elementos familiares e corriqueiros, contatos firmes onde pessoas que se gostem travem diálogos consistentes e profundos e não ficar em relações rasas, breves e frias das redes sociais. Selecionar conteúdos e informações que lhe proporcione um grau de refinamento no pensar e no entender.

Seja estímulo na vidas das pessoas e permita que você seja o seu primeiro estimulador!

NOTA DA REDAÇÃO – Geraldo Trindade é Padre na Arquidiocese de Mariana, bacharel em filosofia e teologia. Contato: pensarparalelo@gmail.com