Mais um dia dos namorados e o Amor em questão.
O poder da fotografia está em transportar do passado para o presente e levar para o futuro aquilo que sensibilizou nossa Psique apaixonada por AMOR.
A cultura clássica, notadamente grega, sentia necessidade de explicar a vida através de símbolos “personais”, seus deuses. Ao contrário de toda religião em que o humano se vê à imagem do divino, os gregos criaram seus mitos: eram os deuses que se assemelhavam ao humano. Neste imaginário eles codificavam os sentimentos e emoções ampliando e projetando no divino. Desta forma entendiam a vida e a sobrevivência. A sua religião politeísta – transformada pela modernidade em Mitologia: estudo dos mitos – era formada por diversas divindades projetadas para entender o mundo objetivo, subjetivo, real, geográfico e histórico. Exemplificando: A guerra era vista como característica de Ares que incentivava o bélico para que o humano resolvesse problemas entre interesses de povos desiguais. O oceano e suas realidades eram vistas como sendo próprio de Poseidon.
A essência humana era identificada com a Psique. E o sentimento mais nobre desta essência com o Amor. Para entender esta mania, esta neurose, esta necessidade de amar (tudo e todos) e ser amado (por tudo e todos), os gregos criaram a projeção mitológica de Amor e Psique.
Eles compreenderam que amar é necessidade de nossa essência. E muitas vezes ou sempre amamos insanamente e nem sabemos o porquê. Para codificar isto eles, os gregos, projetaram explicando que o deus Amor é conduzido pela deusa Loucura – a loucura também era vista como divindade assim como a Fúria e a Ira, ainda que sentimentos negativos. Os gregos não eram maniqueístas como os povos do Crescente Fértil que dividiam os conceitos entre bem e mal, deus e demônio. As Fúrias podiam se manifestar para provocar a justiça e Apolo, divindade que beneficiava com a luz, podia causar danos por sentir ciúmes. Lembrando que eram os deuses projeções humanas e como nós capazes de tudo como um todo.
Foi por isto que Sigmund Freud lançou mão destes símbolos gregos para criar o seu processo de estudo da psique. A Psicanálise, a Psicologia e a Psiquiatria nasceriam destes estudos.
Nossa psique, nossa essência, ama tudo e todos loucamente, irracionalmente.
Amamos o real e aquilo que o imaginário cria (o abstrato). Criamos a pintura, a escultura, a literatura, o teatro, a fotografia, o cinema para concretizar este imaginário idealizado. E é por isto que inventamos a ARTE para eternizar e contemporizar (tornar contemporâneo, presente) através das atuais maneiras de a tudo holografar.
Perpetuamos o momento presente na fotografia. Perpetuamos o imagético na fotografia. E quando sentimos a louca e inexplicável saudade admiramos as fotografias de nossos álbuns que ritualisticamente e carinhosamente guardamos encadernados. E na atualidade estão nas redes virtuais. E até em museus. Estes meios são os nossos Bancos de Imagens para resgatarmos sentimentalidades – nossos amores do passado.
É a Psique que age por Amor que é guiado pela Loucura – não racionalizamos o motivo de assim procedermos.
Se os gregos inicialmente chamavam a essência humana de psique Platão chamaria de Alma. E isto é um estigma, um traço, que marca a cultura: o cultivo de emoções e sentimentos que nos diferenciam do animal.
Feliz dia de seu Amor que sua Psique guardará em eternas lembranças!
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 17/03/2018
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NOTA DA REDAÇÃO: Leonardo Lisbôa é professor da rede pública de ensino de Minas Gerais. Fez sua especialização em História na UFJF e seu mestrado em psicopedagogia na Universidade de Havana, Cuba. Publica textos também no sítio www.recantodasletras.com.br onde mantém duas escrivaninhas (Perfis): o primeiro utilizando o próprio nome ‘Leonardo Lisbôa’ e o segundo o de ‘Poesia na Adega’. Registro no CNPq: http://lattes.cnpq.br/0006521238764228