Dia dos Namorados: Psique e o Amor em Fotografia

A crônica de Leonardo Lisbôa

Mais   um   dia   dos   namorados   e   o   Amor   em   questão.

 

O   poder   da   fotografia   está   em   transportar   do   passado   para   o   presente   e   levar   para   o   futuro   aquilo   que   sensibilizou   nossa   Psique   apaixonada   por   AMOR.

 

A   cultura   clássica,   notadamente   grega,    sentia   necessidade   de   explicar   a   vida   através   de   símbolos   “personais”,   seus   deuses.   Ao   contrário   de   toda   religião   em   que   o   humano   se   vê   à   imagem   do   divino,   os   gregos   criaram   seus   mitos:   eram   os   deuses   que   se   assemelhavam   ao   humano.   Neste   imaginário   eles   codificavam   os   sentimentos   e   emoções   ampliando   e   projetando   no   divino.   Desta   forma   entendiam   a   vida   e   a   sobrevivência.   A   sua    religião   politeísta  –  transformada   pela   modernidade  em   Mitologia:   estudo   dos   mitos   –    era   formada   por   diversas   divindades   projetadas   para    entender   o   mundo   objetivo,   subjetivo,   real,   geográfico   e   histórico.   Exemplificando:   A   guerra  era   vista   como    característica   de   Ares   que   incentivava   o   bélico   para   que   o   humano   resolvesse   problemas   entre   interesses   de   povos   desiguais.   O   oceano   e   suas   realidades   eram   vistas   como   sendo   próprio   de   Poseidon.

 

A   essência   humana   era   identificada   com   a   Psique.   E   o   sentimento   mais   nobre   desta   essência   com   o   Amor.   Para   entender   esta   mania,   esta   neurose,   esta   necessidade   de   amar   (tudo   e   todos)    e ser    amado   (por   tudo   e    todos),    os   gregos   criaram   a   projeção   mitológica   de   Amor   e   Psique.

 

Eles   compreenderam   que   amar   é   necessidade   de   nossa   essência.   E   muitas   vezes   ou   sempre  amamos  insanamente   e   nem   sabemos   o   porquê.   Para   codificar   isto   eles,   os   gregos,   projetaram   explicando   que   o   deus   Amor   é   conduzido   pela   deusa   Loucura   –   a   loucura   também   era   vista   como   divindade   assim   como   a   Fúria   e   a   Ira,   ainda   que   sentimentos   negativos.   Os   gregos   não   eram    maniqueístas   como   os   povos   do   Crescente   Fértil   que   dividiam   os    conceitos   entre   bem   e   mal,   deus   e   demônio.   As   Fúrias   podiam   se   manifestar   para   provocar   a   justiça   e   Apolo,   divindade   que   beneficiava   com   a   luz,    podia   causar   danos   por   sentir   ciúmes.   Lembrando   que   eram   os   deuses   projeções   humanas   e   como   nós   capazes   de   tudo   como   um   todo.

 

Foi   por   isto   que   Sigmund   Freud   lançou   mão   destes   símbolos   gregos   para   criar   o   seu   processo   de   estudo   da   psique.   A    Psicanálise,    a   Psicologia   e   a    Psiquiatria    nasceriam   destes   estudos.

 

Nossa   psique,   nossa   essência,   ama   tudo   e   todos   loucamente,   irracionalmente.

 

Amamos   o   real   e   aquilo   que   o   imaginário   cria   (o abstrato).   Criamos   a   pintura,   a   escultura,  a   literatura,   o   teatro,   a   fotografia,   o    cinema   para   concretizar   este   imaginário   idealizado.   E   é   por   isto   que   inventamos   a   ARTE   para   eternizar   e   contemporizar   (tornar   contemporâneo,   presente)   através   das   atuais   maneiras   de   a   tudo   holografar.

 

Perpetuamos   o   momento   presente   na   fotografia.   Perpetuamos   o   imagético   na   fotografia.  E   quando   sentimos   a   louca   e   inexplicável   saudade    admiramos   as   fotografias  de  nossos  álbuns  que  ritualisticamente   e   carinhosamente    guardamos   encadernados.   E    na   atualidade    estão   nas   redes   virtuais.   E   até   em   museus.   Estes   meios   são   os   nossos    Bancos   de   Imagens   para   resgatarmos   sentimentalidades  –  nossos   amores   do   passado.

 

É   a Psique   que   age   por   Amor   que   é   guiado   pela   Loucura   –   não   racionalizamos   o   motivo   de   assim    procedermos.

 

Se   os   gregos   inicialmente   chamavam   a   essência   humana   de   psique    Platão   chamaria   de   Alma.   E   isto   é   um   estigma,   um   traço,   que   marca   a   cultura:   o   cultivo   de   emoções   e   sentimentos   que   nos   diferenciam   do   animal.

 

Feliz   dia   de   seu   Amor   que   sua   Psique    guardará   em   eternas   lembranças!

 

Leonardo Lisbôa

Barbacena, 17/03/2018

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NOTA DA REDAÇÃO: Leonardo Lisbôa é professor da rede pública de ensino de Minas Gerais. Fez sua especialização em História na UFJF e seu mestrado em psicopedagogia na Universidade de Havana, Cuba. Publica textos também no sítio www.recantodasletras.com.br onde mantém duas escrivaninhas (Perfis): o primeiro utilizando o próprio nome ‘Leonardo Lisbôa’ e o segundo o de ‘Poesia na Adega’.  Registro no CNPq: http://lattes.cnpq.br/0006521238764228

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