Contra-Ataque: Toca o barco, turco

Sérgio Monteiro

 

 

Toca o barco, turco

 

Para alegria da Massa, a espera terminou. Sob “nova direção” e algumas novidades, o Galo deu o pontapé inicial na temporada 2022 na segunda-feira, data da reapresentação do elenco após o merecido período de férias. Do time supercampeão do ano passado, algumas poucas ausências apenas: o técnico Cuca, o atacante Diego Costa, o zagueiro Júnior Alonso e os meias Nathan, Franco e Hyoran. Entre as novidades, além de “El Turco” Mohamed, comandante alvinegro para esse ano, os atacantes Ademir e Fábio Gomes e o experiente e renomado zagueiro Uruguai Diego Godín, além dos retornos de Guilherme Castilho e Vítor Mendes, que estiveram emprestados ao Juventude em 2021.

Em tese, a versão 2022 da máquina alvinegra mantém a força da temporada passada, quando chegou ao topo do Brasileirão, da Copa do Brasil, do Campeonato Mineiro e ficou próximo de mais uma final de Libertadores. Em que pese uma mudança radical no comando técnico, dá para imaginar que as reposições foram feitas à altura no que diz respeito às saídas de atletas. Mas não dá para cravar, o que não abala o otimismo da torcida atleticana. No máximo, liga um sinal de alerta.

Será preciso ao argentino chamado de turco e naturalizado mexicano, uma boa dose de prudência nesse início de temporada. O melhor a se fazer é dar continuidade ao trabalho realizado por Cuca ano passado, tão bem sucedido e com resultados acima do esperado. Se Mohamed for esperto e se Godín estiver à altura do xerife Alonso, basta arrumar o ataque que as coisas não estarão tão novas assim. E ele tem duas opções: escalar o trio com Hulk, Vargas e Keno ou lançar Ademir, voltando com o chileno para o banco de reservas. Qualquer uma das duas, em tese, garante ao time a manutenção da identidade vencedora de 2021.

Agora, se “El Turco” chegar inventando moda, o risco pode ser grande. Para o Atlético e para ele. Não custa lembrar que as cobranças em cima de times vencedores é muito maior do que em times fracassados. A torcida e a imprensa estão com olhos bem arregalados para esse time atleticano em 2022 e qualquer vacilo pode custar bem caro. Até porque não faz muito tempo que Sampaoli esteve por aqui, deixando impressões nada interessantes. Repetir a postura do conterrâneo, dentro e fora de campo, é abraçar o revés. É melhor mesmo tocar o barco herdado do Cuca e ir fazendo um ou outro ajuste com o passar do tempo.

Ao lado do gringo, está o fato de a temporada esquentar para o Galo só em abril, daqui praticamente três meses, que é quando virão as estreias na Copa Libertadores e na Copa do Brasil, seguidas pelo início do Brasileirão. Até lá, apenas a defesa pelo “cinturão” no Mineiro e a Supercopa do Brasil. Mas é aí que mora o perigo, embora possa não parecer para muitos. Vencer o Flamengo na Supercopa renderá muito mais do que uma boa bolada para os cofres do clube. Quando Atlético e Flamengo entram em campo, coloca-se em jogo uma rivalidade de décadas e, sobretudo para os mineiros, vencer é uma questão de honra. Já perder, pode causar danos irreparáveis.

Se não bastasse o confronto com os cariocas, já no mês que vem, é preciso também pensar no clássico contra o Cruzeiro. A diferença entre os momentos dos dois times ainda não recebeu o carimbo que a Massa tanto espera. E coube a Mohamed essa missão. Mais do que vencer o combalido rival, é preciso – na ótica do torcedor – tripudiar em cima do drama do adversário. Em lua de mel com sua torcida, o Galo ainda deve essa para a Massa. Em dois anos de agonia azul, foram dois duelos, com uma vitória magra para cada lado, o que não satisfaz nem de longe o apetite do atleticano, ávido pelo troco das goleadas sofridas no final da década de 90 e início dos anos 2000.

Claro que nem a Supercopa, nem o jogo contra o Cruzeiro estão nas prioridades do clube para 2022, mas o sucesso em ambas as partidas dará ao time e principalmente a seu treinador uma paz que não tem preço. A sequência da temporada não depende necessariamente desses dois jogos, mas passa, de alguma forma, por eles. Que Mohamed esteja abençoado e que as coisas caminhem bem nesse sentido, pois o torcedor alvinegro, como mandam os costumes, já abraçou a ideia. E que 2022, no que diz respeito ao futebol, seja como 2021: cheio de alegria para a Massa.

 

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Crédito – Guilherme Frossard

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