Conhecendo melhor a sentinela do brejo (Gubernetes yetapa)!

Por Layane Viol, membro do Laboratório de Escrita Científica do “Falando de Ciência e Cultura”, licencianda em Ciências Biológicas e membro do Centro de Estudos em Ecologia Urbana do IF Barbacena, sob orientação do professor Delton Mendes Francelino, coordenador do Centro de Estudos em Ecologia Urbana do IF Barbacena.  

A tesourinha-do-brejo (também conhecida popularmente como tesoura) é a espécie Gubernetes yetapa, caracterizada por sua longa cauda bifurcada, lembrando uma tesoura. Geralmente é confundida com a tesourinha (Tyrannus savana), que possui a parte inferior branca, a cabeça negra e as penas da calda mais largas. Além de muito bonita, a ave carrega no nome a palavra “brejo” por ser o local onde escolhe nidificar, ou seja, construir seu ninho e cuidar dos filhotes até estarem aptos para viverem sozinhos. Um detalhe importante é que historicamente esses ambientes foram drenados e substituídos por pátios agrícolas, diminuindo, assim, o habitat disponível para a espécie.

Para a elaboração deste artigo consultamos a bióloga e ornitóloga Thuani Luísa Saldanha Wagener, que é doutoranda em Biodiversidade Animal pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e vem se dedicando ao estudo da espécie desde a graduação. Segundo ela, no doutorado nasceu o projeto “Sentinela do Brejo” que visa aproximar o conhecimento científico da sociedade, além de realizar estudos sobre esta ave. Segundo Thuani a espécie é chamada de “sentinela do brejo” por possuir um tipo de comportamento de alerta quando aves de outras espécies se aproximam. Quando está empoleirada em galhos mais altos de árvores, por exemplo, a Tesoura do Brejo, ao perceber qualquer ameaça, como um gavião, emite um canto para avisar indivíduos do grupo sobre o perigo. Tal comportamento nomeou o projeto, por ela estar sempre atenta ao brejo/banhado.

O Projeto é importante para a conservação da espécie pois, conhecendo a ecologia da ave, é possível propor estratégias de conservação. O “Sentinela do Brejo” visa também desvendar a história da espécie, seu comportamento, a razão da escolha dos brejos/banhados como habitat e informações genéticas, uma vez que, por meio delas, é possível entender como estão as populações, se estão se isolando nos fragmentos ou se ainda estão conectadas. Em algumas buscas pela internet é possível verificar a informação de que a ave é uma espécie migratória, porém não há comprovação disso.

Avistar e conhecer as espécies de aves que compartilham o mundo conosco é muito importante. A observação de aves ou birdwatching vem crescendo no país e, segundo Thuani, qualquer pessoa que tenha interesse em iniciar o birdwatching tem potencial para fazer grandes descobertas e contribuir com o conhecimento sobre espécies de avifauna. Com a atualização da lista das aves do Rio Grande do Sul e do Brasil, cerca de 60% dos registos de novas espécies foram feitos por cidadãos, que são observadores que não estão ligados à Ciência ou à Biologia, mas mesmo assim podem oferecer importantes contribuições para a Conservação da Biodiversidade.

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