A corrida pelo turismo espacial e a questão ética

Por Delton Mendes Francelino – Doutor pela UFMG, Cientista e Professor. Diretor da Casa da Ciência e da Cultura de Barbacena e do Instituto Curupira. Coordenador do Centro de Estudos em Ecologia Urbana, do IFET Barbacena. Autor de dois livros. Acesse o podcast: “Falando de Ciência e Cultura, com Delton Mendes” no Spotify ou outros agregadores de áudio!

Não sei se vocês, leitores, têm acompanhado as notícias nos recentes anos/meses, sobretudo as internacionais, sobre uma verdadeira “corrida” pelo turismo espacial, principalmente para a Lua, e que tende a ficar mais “intensa”, digamos assim, em breve. São várias as empresas que já estão oferecendo pacotes, muito caros, diga-se de passagem, para pessoas interessadas em viajar em tipos de espaçonaves adaptadas para voos rápidos, seja nas zonas mais distantes de nossa atmosfera, quase no Espaço, seja para uma voltinha, digamos assim, em torno/ na orbita da Lua. Vários foram os “testes” já feitos com dispositivos tripulados por pessoas “não astronautas.”

Uma questão importante que deve ser destacada é: não necessariamente significa dizer que qualquer pessoa poderá, por enquanto, pousar na Lua e/ ou por ela caminhar, como ocorreu com a missão Apollo em 1969, quando os astronautas capacitados pisaram em nosso satélite natural! O que se pretende, e que já tem sido desenvolvido, são viagens rápidas na região “pré espacial” de nosso planeta, ou seja, no limite entre a Terra e o Espaço e, em alguns casos, dispositivos que permitam que os participantes, com naves específicas, deem uma volta em torno da Lua, valendo-se também de sua gravidade. 

Cabe sempre lembrar que nossa Lua está a cerca de 400 mil quilômetros da Terra, o que em termos astronômicos, é muito pouca distância. Importante também a discussão ética que isso tem gerado: afinal, quem terá direito de mandar estes dispositivos para a Lua ou para o Espaço? Qual órgão regulará esta questão? Será que isso alavancará uma espécie de espoliação capitalista do Espaço, desconsiderando aspectos importantes, como o foco em pesquisas cientificas? Poderá a humanidade, algum dia, prejudicar a Lua, ou mesmo outros planetas, como Marte, a partir de seus anseios exploratórios?

A busca por descobrir mais acerca de nosso sistema solar e o Cosmos é fundamental. Todavia, também é igualmente importante que legislação planetária e bom senso favoreçam processos de construção de conhecimento sobre o Universo que não sejam meramente capitalistas e exploratórios, mas, sobretudo, filosóficos e científicos. 

 Apoio divulgação científica: Samara Autopeças, Portal Barbacena Online e SEAM – Serviços Ambientais. 

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