Vivemos tempos difíceis em que os valores familiares e culturais estão muito deturpados. Quando nasce uma criança, nasce também uma família que precisa se estruturar para receber e educar esta criança. Somente nós, humanos, levamos tanto tempo para nos tornar independentes de nossos pais. Mas muitas habilidades necessárias a um adulto saudável são construídas já na infância! E a família é literalmente o 1º berço de todos nós! É na família que aprendemos a ser gente! É a família que precisa fornecer condições à criança de se tornar um adulto saudável e responsável. Então, a família é a base de sustentação para todos nós, independente do modelo de família.
Necessidades básicas das crianças
Toda criança precisa de afeto! Toda criança precisa de respeito! Toda criança precisa de limites! Assim, a educação da criança dentro do seu lar, da sua casa, precisa de afeto, respeito e limites! Uma criança não precisa de presentes caros, passeios e outras infinidades de futilidades. À criança é dado o Direito às necessidades básicas como alimentação, habitação e escola pela Constituição Brasileira e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, mas cabe à família preparar positivamente a criança para um futuro melhor. É dentro de casa que a criança deve aprender o que é certo e o que é errado, o que deve e o que não deve ser feito; é dentro de casa que a criança deverá aprender a respeitar as pessoas e agir corretamente. Assim, cuidar e educar são duas questões diferentes, que se complementam e que fazem a diferença na vida das pessoas. Ninguém nasce pronto! Aprendemos a cada dia um pouquinho e precisamos ficar atentos àquilo que nossas crianças aprendem.
Tipos diferentes de família
Não é o modelo familiar o mais importante quando falamos de desenvolvimento infantil e educação de crianças. A criança pode viver em qualquer modelo familiar. O que determinará o sucesso ou insucesso da relação família-filhos será a conduta que os adultos tiverem em relação às suas crianças. Não há modelos de sucesso. Há intenções, vontades e movimentos que favorecem a qualidade do desenvolvimento da criança. E mais uma vez voltamos à questão do afeto. Se a criança é amada e respeitada, o desdobramento disto sempre será positivo. Precisamos no preocupar mais com o que de fato uma criança precisa para crescer saudável e feliz, do que com discussões pouco construtivas.
Educação começa em casa
Como já dissemos, temos muitos modelos familiares. Mas a responsabilidade de educar a criança é da família na qual ela está inserida, seja a mãe, ou o pai, ou a mãe e o pai, ou a avó, ou o avô, ou o tio, ou a tia. A família precisa estabelecer uma hierarquia de com valores que orientará o desenvolvimento da criança. Não podemos permitir que todos dentro da mesma casa ajam como crianças, sem diferenciação de quem é criança e de quem é adulto. Precisamos ter definido a referência de autoridade. E isto cabe ao responsável legal pela criança, o pai, a mãe, etc. Mas alguém precisa se responsabilizar por esta criança, pelo seu bem estar e desenvolvimento.
O cuidado das crianças na ausência dos pais
É inevitável a família toda precisar trabalhar diante do cenário econômico brasileiro. Porém, as famílias precisam se organizar de tal maneira que as crianças não fiquem em segundo plano, pouco estimuladas, pouco cuidadas. Atenção especial deve ser dada àquela criança que fica com pessoas que apenas olham e não educam, deixando-as em frente à TV, no tablet, nos celulares, etc.
Cuidado também se deve ter diante das compensações pelo fato de os pais trabalharem o dia todo e não ficarem com as crianças. Presentes não substituem o carinho, o afeto e o amor que as crianças necessitam para crescerem saudáveis.
A responsabilidade dos pais na Educação
O dito popular “a escola é a segunda casa da criança” tem sido totalmente mal interpretado pelas pessoas. Não cabe à escola EDUCAR a criança, pois esta responsabilidade é dos pais! Cabe à escola fornecer conhecimento de mundo e favorecer o aprendizado do conteúdo pedagógico que também será muito importante para o futuro da criança.
Infelizmente temos visto muitas crianças cuja referência emocional e afetiva está na escola e este é um sinal de que precisamos nos responsabilizar pelos filhos que temos.
A família deve educar! A escola deve ensinar conteúdo pedagógico!
Os pais precisam dedicar tempo para brincar com as crianças, para ensinar boas maneiras, precisam corrigir comportamentos inadequados, ensinar o que é certo e errado. Precisamos ver nossos filhos não como “príncipes” e sim como crianças em desenvolvimento que precisam de amor, de orientação, de cuidados e de limites.
NOTA DA REDAÇÃO: Valeska Magierek é formada em Psicologia pela UFSJ, com especialização em Neuropsicologia pela FUMEC e mestrado em Psicobiologia na Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atua há mais 20 anos na área de Psicologia Infantil e Neuropsicologia. É Diretora Clínica do Centro AMA de Desenvolvimento em Barbacena e autora do livro infantil “A semente mágica”. www.centroamadesenvolvimento.com.br