A importância da escola no desenvolvimento da criança

Valeska Magierek

A entrada cada vez mais cedo da criança na escola se deve ao cenário socioeconômico brasileiro. Nossas famílias diminuíram e muitas crianças são filhas únicas. Além disso, a inserção nas creches e maternais também permitem que tanto pai quanto mãe possam trabalhar para sustentar sua família. Assim, a escola vem proporcionar também à criança pequena um espaço de convivência, aprendizagem e também de afeto que talvez ela não tivesse em casa, dependendo de quem cuidaria dela. A escola permite que essa criança conviva com seus pares, aprenda regras e limites sociais e desenvolva múltiplas habilidades.

 

A Educação Infantil não tem a finalidade de alfabetização

Tanto a aquisição da leitura e da escrita quanto outras habilidades cognitivas e pedagógicas estão sob o controle da maturação cerebral, ou seja, a criança vai aprender no tempo em que as condições para tal permitirem.

É claro que existem crianças que aprendem com muita facilidade e antes do tempo previsto para aquela habilidade, mas não podemos infringir à criança um regime para o qual ela não está pronta.

Além do mais, na Educação Infantil, o mais importante é a criança aprender a brincar, uma vez que o brincar é o ponto de partida para a aquisição de todas as habilidades pedagógicas e cognitivas que virão pela frente.

 

É necessária maturação para haver aprendizagem

Geralmente aquelas crianças que são estimuladas além do próprio limite, além de não adquirir a habilidade (seja de leitura, escrita e cálculo), elas também podem apresentar problemas emocionais e comportamentais que podem gerar transtornos.

Entender a maturação para a aprendizagem formal significa manter um equilíbrio e uma vida saudável para a criança.

Vale a pena dizer também que essa maturação é do próprio organismo da criança, levando-se em consideração o ambiente em que ela vive, a genética e vários outros fatores que influenciam.

Além disso, também vale lembrar que nenhuma medicação é capaz de fazer com que a criança aprenda! Muitas medicações favorecem a melhoria de algumas habilidades necessárias para a aprendizagem formal, mas nós não temos remédios para aprender, uma vez que a aprendizagem é um processo de construção, dependente de tempo e estimulação.

 

Toda criança deve ir para a escola?

Sim! Toda criança deve ir para a escola! Isto está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, embasado na Constituição Brasileira, como forma de resguardar o direito de cidadania da criança que, quando adulta, exercerá papel importante na constituição do meio no qual está inserida.

A escola é o lugar de aprender a analisar crítica e positivamente tudo o que está à nossa volta. É o lugar de se ensinar a pensar e a construir um futuro mais próspero para o indivíduo.

 

O que se deve levar em conta na escolha da escola para cada criança?

Todas as escolas são diferentes, embora precisem seguir as regras estabelecidas para a Educação no Brasil. O que muda de escola para escola é o tipo de abordagem, tradicionalista ou não.

O adulto tem o hábito de escolher a escola de seu filho a partir do seu próprio ponto de vista do que ele avalia como melhor para si. Mas nem sempre se acerta dentro desta perspectiva.

As crianças são diferentes de seus pais, diferentes das outras crianças e, assim, a escolha da escola deve levar em consideração as características da criança para que a aprendizagem seja efetiva e não traumática.

Importante que os pais conheçam a proposta pedagógica, a infraestrutura da escola (tamanho salas, áreas de lazer, qualidade dos banheiros e espaços de refeição…), a qualificação dos professores, os valores praticados pela escola. Caso a criança não se adapte, reclame constantemente, sinta-se infeliz na escola é importante avaliar a causa, analisar possíveis alternativas e verificar a viabilidade até mesmo de mudança de escola. Não existem escolas perfeitas, é importante que a criança se adapte e se sinta-se feliz na escola.

 

 

NOTA DA REDAÇÃO: Valeska Magierek é formada em Psicologia pela UFSJ, com especialização em Neuropsicologia pela FUMEC e mestrado em Psicobiologia na Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atua há mais 20 anos na área de Psicologia Infantil e Neuropsicologia. É Diretora Clínica do Centro AMA de Desenvolvimento em Barbacena e autora do livro infantil “A semente mágica”.  www.centroamadesenvolvimento.com.br

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